16 de dezembro de 2009

Dízimos e ofertas


Estive pensando sobre este assunto e comecei a folhear as páginas da bíblia, principalmente no novo testamento, e, dentro do novo testamento, os evangelhos que, para alguns já se trata de novo testamento, mas para outros, inclusive pra mim não, pois acreditamos que pelo fato de Jesus ainda não ter morrido na cruz e por conseqüência não ter havido o derramamento de sangue a velha aliança ainda operava sobre o homem com seus princípios estabelecidos. Mais este não é o assunto do momento. Aliás, é até melhor pensar sob a perspectiva de ainda ser no velho testamento o período que Jesus viveu sobre a terra, pois desta forma fica melhor para desenvolvermos a idéia proposta, contudo penso que Jesus viveu na velha aliança com a mentalidade da nova aliança, que tem como pilares base e fundamentais da sua edificação o amor e a sua Maravilhosa Graça. Então eis a questão: o que realmente Jesus falou sobre dízimos e ofertas?
Na realidade acho que Jesus falou pouco sobre este assunto, contudo quando o abordou fez com responsabilidade e inteligência deixando sempre bem claro que existiam valores morais e princípios espirituais que antecediam determinados ritos, e que sem tais princípios e valores o ato de dizimar e ofertar não cumpriria o seu objetivo. Jesus sempre deixou bem claro que os rituais não deveriam ser mais importantes do que o homem e suas necessidades, mas que os rituais deveriam ter a finalidade de ajudar o homem. O que existe hoje é uma inversão de valores tal qual existia na época dos fariseus onde foi preciso Jesus dizer que - o Templo serve o altar, e não o altar ao Templo; e assim como Sábado é para o homem, e não o homem para o Sábado. O que essa cultura da “valorização do ter” estimula nas pessoas é uma insensibilidade quanto aos problemas do outro. Pouco mim importa as dificuldades financeiras que você está passando, se você não tem o que comer amanhã, se a ordem de despejo está chegando, se você foi demitido, se você não tem como comprar o remédio para curar a doença do seu filho. Quer se livrar de todos esses problemas? Seja um dizimista fiel e pronto o problema não será mais dos irmãos e sim de Deus, ou seja, como sempre – transferência de responsabilidade.
Hoje o que existe é uma banalização dos dízimos e das ofertas onde o caráter do cristão, o compromisso que ele tem com Deus, a fidelidade com o reino, o nível de espiritualidade é medido tomando como base a sua fidelidade de entregar a décima parte de tudo o que possui para sustento da “casa do tesouro”. Fazendo isto o cristão não precisará se preocupar com outras coisas, pois o mesmo estará livre de todas as maldições que porventura possam alcançá-lo, pois a entrega do dízimo e as ofertas assumem o papel de protegê-lo.
Mas a pergunta é: o que realmente Jesus falou sobre os dízimos e as ofertas?
Mateus 5:23-24. “Portanto, se trouxeres a tua oferta ao altar, ai te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa diante do altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão, depois vem, e apresenta a tua oferta”. Esta passagem sempre chamou a minha atenção, pois ela revela qual é a verdadeira preocupação de Jesus em relação ao homem. Em outras palavras o que Jesus estava querendo dizer era: não adianta você ofertar ou dizimar se o seu coração estiver cheio de ódio e de contenda contra seus irmãos ou adversários, e o mais interessante desta passagem também é que ele diz que se você não tiver absolutamente nada contra seu irmão, contudo perceber que ele tem contra ti, reconcilia-te depressa com ele. Ou seja, muito mais importante do que contribuir com dízimos e ofertas é você está bem com o seu próximo.
Às vezes temos essa preocupação de ver se estamos bem com algum irmão ou vice versa antes de subirmos no palco para pregar, dançar, representar no teatro, cantar no louvor, tomar a ceia e até mesmo temos a capacidade de só por desencargo de consciência pedir perdão momentos antes de fazermos tais atividades na frente da congregação, mas, não temos essa mesma preocupação antes de praticarmos os dízimos e as ofertas. Não há dentro das igrejas essa preocupação de ensinamento destes princípios estabelecidos por Jesus. Será que por medo das contribuições caírem? Ou por total desconhecimento de tais princípios que regem as práticas que agora estão norteados pela graça e pelo amor?
O que geralmente se ouve dos púlpitos dos que só sabem ameaçar é - se não deres o dizimo você é ladrão... Se não deres o dízimo você será amaldiçoado... Se não deres o dízimo você não faz parte do reino de Deus. Desta maneira os dízimos e as ofertas passam a ser uma imposição e uma obrigatoriedade que tira qualquer sentimento de voluntariedade deixando essa prática mecânica, ou no máximo gerando no coração das pessoas um sentimento de alívio do tipo -“ufa estou livre este mês”- não tenha dúvidas de que esses sentimentos estão cada dia mais perturbando a consciência do povo de Deus.
Outra das poucas passagens em que Jesus fala sobre o dízimo está em Mateus 23-23 “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Dais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mais negligenciais o mais importante da lei, a justiça, misericórdia e a fé. Devíeis, porém, fazer estas coisas, sem omitir aquelas”. Este versículo serve para embasar o que afirmei logo acima sobre a inversão de valores que existe hoje no meio evangélico. O que percebo é que a justiça de Jesus ao perceber que a viúva pobre deu mais do que os ricos daquela época, pois deu com o coração e sem barganhas com Deus, a misericórdia do bom samaritano ao vê o seu próximo necessitado de ajuda espiritual e financeira, e a fé da mulher siro-fenícia que impressionou até mesmo Jesus, são princípios morais e espirituais que Jesus sempre valorizou e que está escasso no meio cristão. O mais importante não é o dízimo e a oferta, o mais importante é o que te leva a dar o dízimo e a oferta, a motivação do seu coração. Não deixe o seu coração está dominado pelo medo, pela ameaça, pela imposição da obrigatoriedade, pela culpa de não ter contribuído o mês passado achando que você vai cair na “malha fina da receita celestial”, outro sim, não tenha dúvida de que na malha fina dos homens impiedosos você cairá. Não se iluda com os pastores que querem te amedrontar com a tal “crise mundial”.
Paulo entendeu tão bem o que Jesus ensinou que disse: “pois se há prontidão de vontade, será aceito segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem”, observe que ele fala da prontidão de vontade, aliás, todo o capitulo 8 e 9 de 2º Cor. você encontrará a palavra voluntariedade por que Paulo entendeu que não é uma imposição como muitos querem fazer parecer, e mais “cada um contribua segundo propôs em seu coração, não com tristeza ou por necessidade, pois Deus ama ao que dá com alegria” e o mais emblemático de todos “ainda que eu distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres... e não tivesse amor nada disso mim aproveitaria”.
Fico por aqui e espero que o amor, a misericórdia e a justiça de Deus invadam os nossos corações.

Carlos André Gomes Silva.

2 comentários:

  1. I Corintios 13, é uma das bases pra vida do cristão, o versiculo 03 em expecifico sobre o dar, o ofertar e repartir...
    O Ponto chave para aprender-mos dizimar e ofertar é com certesa dar de coração e com amor.
    amor ao proximo, amor a obra que é de Deus...
    Belo texto,
    grande abraço meu amigo.

    mateus 12:28 " E, se Deus assim veste a erva que hoje está no campo e amanhã é lançada no forno, quanto mais a vós, homens de pouca fé?" analisando este texto, vejo que toda essa preocupação com dinheiro é vã.

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  2. As pessoas sofrem presssões de todos os lados, ninguém quer ficar mau com DEUS, nem passar necessidades. As pregações deveriam estimular os cristãos à liberalidade, generosidade e voluntariedade,ao invés de palavras que façam as pessoas ter medo do castigo de DEUS. O SENHOR te abençoe e continue te iluminando.

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